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SOBRE O ARTISTA

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"Attilio Baschera e Gregório Kramer foram pioneiros do mercado de interiores e, desde 1971, quando fundaram a Larmod, são a principal referência brasileira em tecidos decorativos. Muito além disso, são personalidades que sintetizam o espírito de uma época de revoluções comportamentais e da gênese do mercado de luxo no país.
A Larmod e seus proprietários se tornaram expoentes do design brasileiro no último terço do século XX através da combinação de talento artístico, faro para negócios e sua posição prestigiosa junto à mídia especializada e à alta sociedade brasileira. Eles são apontados como dois dos primeiros formadores de opinião do país, proponentes de um elegante estilo de vida, divulgado à exaustão pela imprensa. Foram responsáveis também pela introducão de muitas das atuais práticas do mercado de interiores, protagonistas e testemunhas de tudo que aconteceu na área: o surgimento das revistas dedicadas à casa, o boom dos decoradores, a gênese da Casa Cor, a expansão gigantesca das lojas do ramo.
O autor Rica Oliveira Lima, jovem arquiteto que se dedicou à obra dos desig ners em pesquisa de mestrado na USP, transfornou quatro anos de depoimentos em um livro narrado em primeira pessoa do plural, no qual Attilio e Gregório papeiam sem embaraços sobre sua visão de mundo, relacionamento e obra, com centenas de fotografias, desenhos, estampas e divertidas matérias de decoração dos anos 70 e 8o. Como em uma festa entre amigos, os "anfitriões" são interrompidos por treze entrevistas com profissionais destacados do campo.
Sem a ambição de exaurir a extensa obra dos designers, o livro não é uma versão "enxugada" da dissertação de mestrado. É uma obra completamente diver sa, que transita entre biografia, estudo histórico do design brasileiro, catalogue raisonné e álbum de memórias. Sem nunca perder de vista a valorização da história dos interiores brasileiros, é uma obra feita para aguçar a curiosidade de leigos e profissionais, de estudiosos e estudantes, daqueles que privaram com Attilio e Gregório e dos que estão prestes a conhecê-los."

LIMA, Rica Oliveira. Attilio & Gregorio. 1. ed. Editora: Otavio Nazareth, 2020. Capa dura.

Attílio baschera

A grande coisa do nosso trabalho era uma vontade de dar vazão à origem nossa. Dar vazão a tudo aquilo de que a América do Sul não queria saber: nossa origem portuguesa, nossa origem africana. Mas não foi algo pensado para ser revolucionário.

Gregório Kramer

O brasileiro é de um jeito, mas quer ser de outro, quer seguir o protocolo. Nosso trabalho não foi feito para gozar ninguém, mas para transmitir uma sensação de cor e alegria. É o nosso jeito de devolver ao Brasil os estímulos que recebemos dele - como em um jogo de futebol, você me manda a bola, eu te passo ela de volta.

Rica Oliveira Lima

Em São Paulo, os ricos ainda circulavam visivelmente pelas mesmas zonas que os menos abastados, no circuito entre seus casarões suburbanos e o comércio no centro da cidade.
Não tinham pudor de ver seu estilo de vida glamouroso ser escancarado pelas revistas da época - ao contrário de hoje, em que fazem de tudo para passarem despercebidos, circulando apenas entre os condomínios e os shopping centers, visíveis somente nas redes sociais.
Era uma miragem sedutora para a nova classe média alta: caso acertassem na escolha de suas compras, de colégio dos filhos, de clube e de endereço, estariam vivendo, virtualmente, a mesma vida que os milionários. Seriam como milionários -seriam milionários!

Bem no início dos anos 1970, os designers Attilio Baschera e Gregório Kramer abriram um pequeno estúdio em uma vila nos Jardins, em São Paulo, dedicado a estampas brasileiras, feitas a quatro mãos, para tecidos decorativos. A parceria deu origem à Larmod e sua loja, em Higienópolis, passou a ser frequentada por artistas, fotógrafos e habitués das colunas sociais. A luxuosa grife chegou a ter unidades no Rio (no Jardim Botânico e no Fashion Mall) e em Buenos Aires, e é uma das maiores referências em estamparia nacional até hoje, com seus abacaxis, plantas tropicais e monumentos brasileiros. A dupla por trás dos tecidos sintetiza o espírito de uma época de revoluções comportamentais, apontada como vanguardista. Tudo contado agora no livro “Attilio e Gregório”, da editora Olhares.

 

Paulista com descendência italiana, Attilio está com 87 anos; Gregório, argentino, filhos de judeus poloneses, morreu em 2019, aos 80. O autor do livro, o arquiteto Rica Oliveira Lima, tem 31 e conheceu os designers para uma pesquisa de Mestrado na USP. Entre 2016 e 2019, os três se encontraram toda segunda-feira, às 17 horas, no amplo apartamento do casal, em Higienópolis.

 

Regados a chá, biscoitos importados e muitos “causos”, os encontros de Attilio, Gregório e Rica renderam uma amizade, uma tese concluída, e o livro, que reproduz os papos informais, com depoimentos hilários, memórias sobre a noite paulistana e reflexões sobre a vida. Também tem ali um estudo histórico do design brasileiro, com especialistas contextualizando a

 

importância da Larmod. Para a jornalista e consultora de moda Glória Kalil, eles influenciaram a mudança de gosto no Brasil. Imprimiram modernidade aos tecidos e viraram parâmetro até na moda: “Os dois eram uma marca, e só quem tem essa força de marca consegue introduzir modificações. Enfiaram na cabeça da mulher que ela podia se livrar da seda e do veludo e usar algodão com estampa de coqueiros”.

 

Sig Bergamin tinha 18 anos quando abriu a Larmod, e se encantou com a forma como

expunham os tecidos, jogados em poltronas — e não em rolos, como em outras lojas. O arquiteto acabou virando uma espécie de pupilo e defende que, até hoje, marcas seguem uma forma de divulgação criada pela dupla — as publicidades, os editoriais e as capas da “Casa Vogue”. Para lançamentos, o casal promovia jantares em casa, em produções esplêndidas, com Paulo Autran, Maria Adelaide Amaral e Raul Cortez entre os convidados... Há ainda um lado muito reconhecido quando se fala deles. “Poucos se assumiam gays e o casal quebrou tabu. Na alta sociedade, os gays eram homens que viviam sozinhos, não era chique. Eles enfrentaram isso e pularam etapas para nós”, exalta Sig.

 

De fato, os dois eram queridíssimos e não existia festa badalada sem eles. O livro traz capítulos divertidos que lembram o auge de discotecas como Regines e Studio 54. Eles faziam aparições irreverentes, como a vez em que Attilio surgiu, em um aniversário de Marilia Gabriela no Gallery, vestido como a florista de “My fair lady”, com direito a performance.

 

Eles venderam a Larmod em 1998, para dar um giro pelo mundo. Depois, abriram a AGain, que durou até 2012. Entre os encontros marcantes com Rica há um papo sobre envelhecimento. “Attilio, mais econômico nas palavras, queria era tomar uma taça de vinho. Gregório, mais falante, puxou uma comovente conversa sobre a passagem do tempo. Ele disse ‘o auge não pode ser permanente, por definição. Temos a época de colher os frutos e a época em que já não temos mais frutos’. Acabou fechando o livro”, conta o autor. Nome do capítulo: “A vida é para sonhar”.

 

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/pioneiros-no-mercado-interiores-attilio-102624507.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAMn4SbfqGlGcg4dYFK_hWeF0uMBwtJB7hNruXfdjPC6yRBrtCkxSdR4sS4ymROn1MSmx5gfEI9vCQyoN2hszbmtuTct0xjeiFP9G9YbUTwo3GlzhOdOdF2dk5yHUV4FaiiteK8dwph1BGineooUcQXUDE6CMHOGZmNjf9BGpGuxO

Attilio Baschera e Gregório Kramer, foto que estampa o livro ‘Attilio e Gregório. (Fonte: Divulgação - Glamurama)

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